04 agosto 2005

Marrom da vida e doce como um chocolate


"Leite condensado caramelizado com flocos crocantes coberto com delicioso chocolate Nestlé." Hum!! Lembro de ter, de vez em quando, uma barrinha de chocolate na merendinha quando ainda nem tinha saído dos cueiros. Lembro que a minha doce vida de criança ficava mais doce com essas prendas que eu ganhava. Nessa época não sabia o que era sexo, dinheiro, paixão, ouvia sempre falarem de coisas que eu não sabia o que significavam e sempre que eu perguntava do que se tratava, era logo interrompido. Todos os adultos pareciam máquinas programadas para dizer apenas: "Não sei do que se trata", "Nunca pergunte isso menino!", e não me davam atenção. Lembro de caminhar nas ruas e observar todos os detalhes, de tudo. Lembro de uma vez, quando tinha uns cinco anos de idade, minha mãe estava apressada, estávamos passando por uma praça arborizada e florida, passávamos ali todos os dias, e nessa manhã de segunda-feira uma pequena larva presa numa frondosa árvore me chamou a atenção, parei e admirei, ela se enroscava numa teia, parecia mumificada, fiquei surpreso, nunca vira algo tão assustador. Fui puxado pelo braço num rompante e aquela cena não saiu de minha cabeça por dias e dias. Sempre ao passar pela árvore, admirava a pequena múmia. Passado algum tempo, na mesma praça, fronte à árvore, admirando a pequena múmia, percebi algo estranho, o casulo se desfazia e eu me espantei com tamanha beleza que surgira, era uma imensa borboleta, de todas as cores, linda!! Assisti um espetáculo, que nunca mais se repetiu. Cansado dos puxões, não mais reparei nas árvores da praça, não mais vi nenhuma pequena múmia, não mais vi nascer um arco-íris, o mundo ficou sem cor. Depois cresci, virei adulto, aprendi o significado das coisas, e hoje, não sinto mais o gosto da infância, perderam a receita daquele delicioso chocolate Nestlé, não o fazem mais como antigamente, o doce se acabou e tudo que sinto é um gosto amargo de não mais enxergar os detalhes das coisas, de não ter a liberdade de voar, de não conseguir ser eu mesmo.

7 comentários:

Anônimo disse...

NOSTALGIA!

Anônimo disse...

Acho que vc está sendo influenciado pera Era Bush. Força na peruca, criatura! Adoro uma frase de Clarice Lispector: "O que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesmo". FELIZ ANIVERSÁRIO!!!!

Anônimo disse...

Saudade de vir aqui. Então, começo por aquele abraço apertado. Sabe, Fab, estou um pouco assim como você, querendo sentir o gosto doce mais vezes. E os amargos são tantos... Ao vir aqui, sinto que os doces se põem no meio desses amargos, viu. Descobrir as borboletas nascendo das pequenas múmias... Mesmo isso demorando, quando as cores aparecem, vem junto o gosto doce que a gente não esquece. Mas acho, amigo, que o doce está guardadinho nos detalhes e apesar dos amargos a gente ainda pode ir lá buscar. Uma semana doce pra você. Beijinhos, querido. Fica em paz!!

Anônimo disse...

Passando por aqui, não posso deixar de te dá um oi e pegar mais um "taquinho" desse chocolate (reler o que escreveu, me fez ganhar um pouco mais de mim). Fica bem, querido. Um ENORME ABRAÇO procê.

Anônimo disse...

"Tudo que eu gosto é imoral é ilegal ou engorda!!" Ai que tortura ver esse chocolate todo, dá água na boca.Junto com o cheiro do chocolate que vem à memória só de olhar a imagem, vem tb a lembrança da escola, da hora do lanche, das tarde enfrente a tv tomando nescau e vendo a sessão da tarde, das horas que eu levava no supermercado só pra escolher o melhor chocolate. É engraçado, chocolate sempre esteve relacionado com coisas boas pra mim, sempre teve cheiro de festa e de liberdade, mesmo que fosse uma liberdade vigiada e limitada á minha imaginação.Recordar é bom, comer chocolate então...Nem se fala!!! Beijões garoto de ouro.

Anônimo disse...

OI!
Muito obrigaa pela visita ao meu blog!!!

Ai... Nem me fale em chocolates que me dá vontade! rsrsrsrs!
Beijokas

Anônimo disse...

Estou passando pra lhe desejar uma ótima semana...