17 agosto 2005

Meu Fabuloso Destino


Amélie Poulain, je suis Amélie Poulain, I am Virgínia Woolf, yo soy Frida Kahlo, eu sou Clarice Lispector, sou essas mulheres e outras mais. Não tenho corpo de mulher, não me visto como uma, não uso batom, não uso esmalte, não tenho desejo de ser uma mulher, mas é com essas e outras mulheres que me identifico e não diria que nasci num corpo errado, mas que minha alma é feminina. Só isso? Ter uma alma feminina num corpo masculino é uma dádiva, poder intuir algo, poder chorar sem ter medo, tudo isso é muito bom. Não sei a causa dessa minha hiper sensibilidade de enxergar as coisas, mas isso me faz bem e eu adoro meu jeito romântico de ser. É estranho falar isso, mas é a verdade, todas essas caractarísticas são femininas. (???)
Gostaria de saber a causa... (???)
Não entendo! Tudo isso deveria ser inerente ao humano, mas para ser macho tudo isso é descartável. Realmente não entendo.... Isso deveria mudar, mas como conseguir essa proeza?Não tenho idéia no momento. Você tem alguma? O senso comum não permite que façamos mudanças drásticas no padrão imposto. Bom, como não estou nem aí pro senso comum, saio por aí cantando uma música que é a minha cara:

"Ser um homem feminino
Não fere o meu lado masculino
Se Deus é menina e menino
Sou masculino e feminino
(...)
Vou assim todo o tempo
Vivendo e aprendendo."

Vivas a Pepeu Gomes e Baby Consuelo!

04 agosto 2005

Marrom da vida e doce como um chocolate


"Leite condensado caramelizado com flocos crocantes coberto com delicioso chocolate Nestlé." Hum!! Lembro de ter, de vez em quando, uma barrinha de chocolate na merendinha quando ainda nem tinha saído dos cueiros. Lembro que a minha doce vida de criança ficava mais doce com essas prendas que eu ganhava. Nessa época não sabia o que era sexo, dinheiro, paixão, ouvia sempre falarem de coisas que eu não sabia o que significavam e sempre que eu perguntava do que se tratava, era logo interrompido. Todos os adultos pareciam máquinas programadas para dizer apenas: "Não sei do que se trata", "Nunca pergunte isso menino!", e não me davam atenção. Lembro de caminhar nas ruas e observar todos os detalhes, de tudo. Lembro de uma vez, quando tinha uns cinco anos de idade, minha mãe estava apressada, estávamos passando por uma praça arborizada e florida, passávamos ali todos os dias, e nessa manhã de segunda-feira uma pequena larva presa numa frondosa árvore me chamou a atenção, parei e admirei, ela se enroscava numa teia, parecia mumificada, fiquei surpreso, nunca vira algo tão assustador. Fui puxado pelo braço num rompante e aquela cena não saiu de minha cabeça por dias e dias. Sempre ao passar pela árvore, admirava a pequena múmia. Passado algum tempo, na mesma praça, fronte à árvore, admirando a pequena múmia, percebi algo estranho, o casulo se desfazia e eu me espantei com tamanha beleza que surgira, era uma imensa borboleta, de todas as cores, linda!! Assisti um espetáculo, que nunca mais se repetiu. Cansado dos puxões, não mais reparei nas árvores da praça, não mais vi nenhuma pequena múmia, não mais vi nascer um arco-íris, o mundo ficou sem cor. Depois cresci, virei adulto, aprendi o significado das coisas, e hoje, não sinto mais o gosto da infância, perderam a receita daquele delicioso chocolate Nestlé, não o fazem mais como antigamente, o doce se acabou e tudo que sinto é um gosto amargo de não mais enxergar os detalhes das coisas, de não ter a liberdade de voar, de não conseguir ser eu mesmo.